Coluna: pediatra Dra. Gabriela Ochoa, da @dragabiochoa

Introdução Alimentar: processo de transição e aprendizado

O início da alimentação é uma fase muito esperada pelo papai, mamãe, vovós, titias, enfim, pela família toda! É uma nova fase, onde depois de meses recebendo apenas o líquido (leite materno e/ou fórmula artificial), ele entrará em contato com o alimento sólido pela primeira vez. Mas o que significa esse marco e qual o impacto na vida do bebê? Será que ele vai gostar? Será que vai se adaptar? Será que vai comer bem? Difícil prever como ele reagirá…são inúmeras dúvidas e inseguranças, que envolvem a personalidade e particularidade de cada um. Cada bebê terá seu tempo de adaptação, de aprendizado, de apetite… Mas te garanto, ele vai chegar lá.

imagem: Freepik.com 

Seguem algumas dicas para te ajudar nesse processo de introdução alimentar de uma maneira leve, calma e tranquila!

1) O processo de introdução exige DEDICAÇÃO, ATENÇÃO, PERSISTÊNCIA, AMOR e, principalmente, muita PACIÊNCIA.

Lembre-se: o início da alimentação é um processo de TRANSIÇÃO e APRENDIZADO, onde seu filho (a) irá CONHECER e EXPLORAR os alimentos antes de leva-los à boca.

E apesar de tudo que eles pegarem ir parar na boca, talvez isso não aconteça com a comida.

Mas calma, aliás muita calma, isso passa, e do mesmo jeito que eles aprendem a sorrir e falar, eles também aprendem a comer. Ufa, rs. Se ele leva um tempo para começar a andar e falar, para quê tanta pressa para ele comer?

2) Vamos combinar uma coisa? Sem forçar, sem se descabelar, sem perseguir a criança com a colher, sem se estressar (a criança sente e isso pode tornar o processo muito mais difícil).

Não vamos dar brecha para que ela crie uma relação ruim com a comida. A alimentação é complementar ao leite (materno ou fórmula) e até os 12 meses de vida um complementa o outro. Por isso, essa introdução deve ser gradativa e respeitosa com a criança.

3) Nesse processo precisamos explorar os sentidos da criança (tato, olfato, paladar, audição e visão): portanto, deixe que a criança toque o alimento e conheça sua textura; aproxime a colher do narizinho dela, isso faz com que ela sinta o cheiro e desperte sua curiosidade e vontade; coloque o prato próximo a ela e mostre as cores e os nomes dos alimentos, isso fará com que mais tarde ela possa associar ao sabor de cada um.

Isso tudo é aprendizado. Vamos trabalhar todos os sentidos!

4) Não se esqueça da rotina. A criança com muita fome ou com sono fica irritada e isso pode atrapalhar o momento. Programe-se para estabelecer uma rotina e ofertar as refeições nos horários corretos para que a criança não fique nervosa e perca o prazer de comer.

** Se seu filho (a) vai ao berçário ou à escolinha, tente se programar para que a rotina fique parecida com a que ele já tem lá ou a que será feita futuramente.

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5) Não se apegue às quantidades. É o bebê quem dita a quantidade e ele dará sinais de que está satisfeito (ex: fecha a boquinha e vira o rosto) ou de que ainda tem fome.

6) Não existe fórmula pronta, não existe regra. Cada bebê é único e tem o seu ritmo. Cada família tem a sua rotina. Todas as dicas devem ser adaptadas de uma maneira que funcione para vocês.

7) O local de alimentação e o momento da refeição deve ser tranquilo, calmo e silencioso, sem televisões ou coisas que possam distrair o bebê.

8)Por último, e não menos importante, a criança é o espelho dos pais. Ela só irá manter uma alimentação saudável caso vocês também o façam. Seja o exemplo, dê o exemplo.

Quantas informações, né? Calma, eu sei que você vai tirar de letra e que vocês irão aproveitar e curtir muito essa nova fase juntos.

** Importante lembrar que a introdução alimentar deve ser orientada e supervisionada por um profissional e que nenhuma dica ou orientação exclui a necessidade de consulta médica com o pediatra.

** De acordo com as orientações da OMS e SBP, o aleitamento materno deve ser exclusivo até os 6 meses de vida, e complementado até os 2 anos ou mais.